Título
Tirando de letra: Verenilde Pereira
Autor / organizador
Verenilde Pereira
Resumo
Na década de 1990, Verenilde Pereira, jornalista afroindígena, ingressou no mestrado em Comunicação da Universidade de Brasília para pesquisar a representação midiática do povo indígena Waimiri-Atroari, que vive no meio da rodovia que liga Manaus a Boa Vista. Ao final do mestrado, o que seria dissertação virou literatura, na intenção de dar voz aos personagens e de romper com o "círculo da verdade dita, da verdade acabada, onde não cabe mais ponto de interrogação". A obra "Um rio sem fim" foi publicada de forma independente em 1998 e conta a história de uma missão religiosa na Amazônia e seus impactos entre os indígenas.
▶️Confira esta edição do Tirando de Letra com Verenilde Pereira, considerada pioneira na ficção afroindígena brasileira.
Destaques:
01:26 - "Com a nova edição desse livro, se cumpre uma preocupação que foi sempre minha ao fazer literatura, ao ser uma mera contadora de histórias porque esse é o espaço no mundo que eu me complemento, me sinto segura. Sou uma mera contadora de histórias, alguém que observa o mundo, dentro das possibilidade, que rouba fragmentos de histórias que eu ouço".
03:10 - "Quando eu escrevo "Um rio sem fim", recolho esses murmúrios, esses respiros, essa sofreguidão de quem já não pode mais falar completamente, estou retirando, estou evitando a pureza dessa violência, essa mudez completa, quando o sujeito já não fala".
03:50 - "Há de se lembrar que esse livro foi escrito em 1995, século passado, quando essa questão de agora, que vem com toda veemência em consequência da questão dos Yanomami, ela já foi elaborada nessa época. Esse personagens me adentram como se obrigassem a dizer: 'olha, nós estamos aqui, você está viva, sobrevivendo. O que você é capaz de fazer por nossa memória?' E foi assim que trapaceei um pouco a academia. (...) Na verdade, eu ia fazer um mestrado. E a minha dissertação de mestrado ia ser sobre a representação midiática dos índios Waimiri-Atroari, esses índios, como vocês sabem, eles vivem no meio da rodovia Manaus-Boa Vista".
08:25 - Leitura de um trecho do livro
12h40 - "Na hora de apresentar (a dissertação), já estava tudo esquematizado, conceitos, tabelas, aquele gráfico bonitinho que a gente faz e entrega e eu com o maior respeito pela escrita acadêmica, que diz muita coisa, era como se essas vozes, os rostos dessas meninas dissessem: 'puxa, então vai ser isso? nós somos apenas isso? nós somos essa tabela fria com números?'"
13:48 - "A linguagem literária rompe esse círculo da verdade dita, da verdade acabada, onde não se tem mais interrogação. Ela tem uma janela pra chegar naquilo que tá escondido, que talvez a literatura não alcance, mas tem essa pretensão.
19:58 - "Há 68 anos, nasci nesse conflito interétnico. Nasci numa cidade que foi construída...Manaus foi fundada em cima de um cemitério indígena. (...) Eu nasci dentro desse conflito e dessa glória também".
21:59 - "Não é um livro pra ser lido assim com muita preguiça".
23:43 - Leitura de um trecho do livro.
Palavras-chave
Linguagem literária | etnologia | povos indígenas
Tipo de conteúdo
Programa de TV
Data
2023-04-19
Território
Abrangência
Nacional