Resumo
O presente curso introdutório, “Fundamentos de uma clínica crítica no Brasil”, abordará questões pertinentes ao fazer da psicoterapia clínica inserido em um contexto de capitalismo dependente, capitalismo de bases coloniais. Desejamos contribuir com a formação de psicólogos(as) propiciando discussões para uma apreensão histórica, materialista e dialética de nossa realidade e da própria Psicologia. O curso se propõe a ser uma mediação possível para tecer análises críticas ao exercício hegemônico da Psicologia enquanto ciência e profissão à medida que defenderá o resgate do estudo da particularidade da formação sócio-histórica brasileira e o entendimento da centralidade da questão racial na estruturação da luta de classes no presente território. A retomada da questão racial para o entendimento da história da luta de classes e da categoria trabalho na formação capitalista brasileira urge para aqueles(as) compromissados não apenas com a compreensão de nossa realidade, mas com a sua transformação, convocando, em especial, Psicólogas, Psicólogos e Psicólogues para tal desafio. Ao todo, serão 7 aulas, que serão realizadas ao vivo por meio de plataforma online, reunindo nomes de jovens Psicólogas Clínicas brasileiras, residentes em diferentes territórios no Brasil e que fundamentam sua práxis clínica no/pelo marxismo em diálogo com críticas antirracistas. O curso é dividido em três unidades. Na primeira “A clínica circunscrita na luta de classes” apresentaremos noções de base para a compreensão do exercício clínico enquanto trabalho e o estado de proletarização de psicólogas clínicas no Brasil. Na segunda “Uma clínica com os pés no chão: antimanicomial é ser antirracista” abordaremos a retomada da centralidade da categoria raça na historicidade das políticas eugenistas e outras práxis racistas que perfazem a estruturação da história da Psicologia enquanto ciência e profissão no Brasil. Na terceira “Saúde não mercadológica: disputas sobre saúde mental” apresentaremos como a ideologia mercantil atravessa a estruturação das disputas dos modelos de saúde mental e defenderemos o resgate da centralidade da noção de comunidade para pensar possibilidades de disputas do modelo de cuidado em exercício na práxis clínica. Por fim, será apresentada uma aula conjunta com a reunião de apontamentos dos desafios colocados mediante as perspectivas analíticas trazidas e a sistematização de princípios que consideramos indispensáveis à práxis crítica na clínica tal como defendida no presente curso.
