Resumo
A extensão tem ganhado relevância na formação em Psicologia, enquanto mediação que possibilita um maior “contato com a realidade”, sobretudo a realidade das maiorias populares em um país marcado pela desigualdade social e pronunciadas formas de exploração e opressão. Nesse sentido, tal convocação à Psicologia advém com um chamado também cada vez maior para que ela se (re)pense. No presente artigo, abordamos a relevância da extensão (ou comunicação) para a construção de um projeto de Psicologia Popular. É um trabalho de caráter reflexivo, teórico, mas com implicações práticas, que traz consigo um conjunto de reflexões que nascem de experiências do autor como docente e coordenador de projetos de extensão em Psicologia pela Universidade de Brasília, realizados no Distrito Federal, sobretudo em territórios periféricos, dialogando com iniciativas históricas na Psicologia brasileira – e, em extensão, latino-americana – e outras que atravessaram a Psicologia, oriundas de outros campos do saber-fazer, como a pedagogia e educação popular freireana. Para isso, refletimos sobre que tipo de Psicologia Popular e de extensão queremos, e como a segunda pode – e deve – contribuir à primeira. Todo o processo aqui exposto aponta para que a extensão e a Psicologia, no intuito de fortalecerem a auto-organização, a autodeterminação das maiorias populares na construção do poder popular, sejam tomadas como meios e não fins em si. Acreditamos que podem servir a outras iniciativas extensionistas na e pela Psicologia, bem como à formação e práxis psi como um todo, indo, inclusive para além da própria Psicologia e da extensão, na construção de um horizonte em que não sejam mais necessárias.