Tirando de letra: Jeferson Tenório

Resumo

Nesta edição do Tirando de Letra, o nosso convidado é o escritor, professor e pesquisador Jeferson Tenório. Vencedor do prêmio Jabuti 2021 com o romance "O avesso da Pele", Jeferson aborda em seus livros problemas sociais como o racismo e o machismo, mas sem transformá-los em dispositivo literário de criação. À UnBTV, o escritor explica como constrói seus personagens e também comenta seu projeto de literatura, que é pautado pela formação de leitores. Confira!

Destaques:

01:14 - Pais literários de Jeferson Tenório
02:36 - "Eu não utilizo o racismo ou o machismo como dispositivo literário de criação. Eu parto dessa ideia da subjetividade e humanidade. E tentando deslocar também o que é essa ideia de humanidade, que por muitos séculos não considerava determinadas pessoas como humanas. Então o que eu tenho trazido nos meus livros são personagens negros que infelizmente vivem essas violências cotidianas, mas que carregam dentro de si essa subetividade como qualquer outra pessoa".
3:30 - "A pele é o modo como as pessoas nos percebem, mas o que me interessa discutir é o avesso, os afetos, esses sentimentos que nos humanizam".
04:45 - Esses corpos negros que lutam para preservar uma determinada subjetividade, no caso de Estela sem Deus, o embate vai para além do embate religioso. Mas é esse Deus masculino, punitivista, machista, e o modo como ela vai encontrando caminhos e aprendendo a dizer não para essas barreiras que vão sendo colocadas. Tanto que o o título poderia ser Estela sem Homens.
06:15 - Leitura de um trecho do livro o Avesso da Pele.
08:15 - "Eu queria mostrar o percurso de como uma pessoa negra vai tomando conhecimento e consciência racial da violência que ele vai vivenciando, que é um pouco parecida com a minha trajetória também de consciência racial".
08:50 - "Eu não questionava também por que não havia autores negros na bibliografia. Eu só fui descobrir que Machado de Assis também era negro no final da minha graduação. Então é um livro que vai mostrando esse processo de forma didática, já que o personagem principal é um professor de literatura negro".
10:35 - "Eu penso que pra que você tenha um grau de complexidade você precisa mostrar as contradições desses personagens e esse é um cuidado que eu tomo para construir os personagens negros e, principalmente, as mulheres negras, em que eu não posso criar um estereótipo de uma mulher, mas ao mesmo tempo eu também não posso idealizar essa vivência".
14:30 - "A partir do Estela sem Deus, eu entendi que eu tinha um projeto literário, que passa também pela formação de leitores. E por isso essa pretensa facilidade com o texto, do leitor não ter muita dificuldade em ler os meus livros, porque eu busco esse leitor não literário ainda, que foi o leitor que eu fui, esse leitor que tardiamente começou a ler livros de literatura. Então eu tenho isso muito claro na minha cabeça. Eu tenho um projeto literário que é de formar leitores".
16:50 - "Eu acho que eu estou escrevendo todos esses livros pro meu filho. Ele tem 12 anos agora. Ele ainda não lê meus livros. (...) Me tornar pai me deu outro sentido para fazer literatura".
18:40 - Novos projetos.
20:00 - Leitura de um trecho do livro Estela sem Deus.